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[Qual a cor da Universidade?]

“Que la Universidad se pinte de negro, de mulato, de obrero, de campesino...Que se pinte de pueblo..." Che Guevara


Quando falamos do processo de democratização do Ensino Superior Brasileiro, da necessidade de ampliação do acesso e da garantia da permanência estudantil, não podemos negligenciar dados que nos mostram uma realidade de desigualdade que ultrapassa os limites da esfera social e que comprovam também uma desigualdade racial dentro das Universidades Públicas brasileiras. Do total dos universitários, 97% são brancos, sobre 2% de negros e 1% de descendentes de orientais. (Henriques, 2001).

De acordo com o a avaliação do Professor Doutor Kabengele Munanga, Professor Titular do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, “...se houver uma repentina melhora do ensino básico e fundamental, ainda assim, para que os alunos negros de níveis de ensino público possam competir igualmente no vestibular com os alunos oriundos dos colégios particulares bem abastecidos, os alunos negros levariam cerca de 32 anos para atingir o atual nível dos alunos brancos. Isso supõe que os brancos fiquem parados em suas posições atuais esperando a chegada dos negros, para juntos caminharem no mesmo pé de igualdade”. Ou seja, nossas universidades não apenas representam uma classe social em particular, mas também um grupo étnico racial em particular também. Precisamos garantir o acesso e a permanência desses grupos historicamente excluídos do processo educacional brasileiro, para que também na universidade se façam representar, fomentando a transformação deste espaço num verdadeiro espaço democrático e de cidadania. Quanto tempo a população negra e indígena ainda deverão esperar pela igualdade de acesso e permanência num ensino superior público e de qualidade?