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[Educação e Universidade]

“A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” Paulo Freire



Quando nos propomos a criar uma chapa para concorrer a uma entidade estudantil é porque, de fato, acreditamos na educação pública e, mais especificamente, acreditamos que os rumos da Universidade de São Paulo estão inclusive na construção cotidiana da política estudantil. A universidade tem como papel social a formação de cidadãos e cidadãs crític@s, reflexiv@s. Para que isso ocorra é essencial que os espaços acadêmicos sejam, em qualquer categoria hierárquica da universidade, transparentes e democráticos.

Em primeiro lugar, defendemos uma Universidade pública, porque entendemos que educação é direito de todo cidadão e cidadã. Assim, nenhum fator deve ser excludente do acesso à Universidade.

Pública, pois só assim todos terão de fato oportunidades. Temos que conceber a educação como um direito de todos e todas, não um benefício para poucos.

A questão do ensino superior ser apenas de uma minoria no país muito se dá pela estrutura de poder que se estabeleceu na Universidade, como que a estrutura hierárquica de poder se constituiu institucionalmente, e como, por isso, não é um espaço coletivo, para o povo, mais sim um espaço restrito.

Deixou de ser um lugar que se pensa um projeto popular, e, por conseqüência disso, vemos que a Universidade hoje reproduz um conhecimento único, fragmentado, sem reflexão e crítica, voltado em grande medida para o mercado. A educação que defendemos é, portanto, para além do capital. Educação é um direito, pois acreditamos que o conhecimento é coletivo, e é construído em conjunto.

Também compreendemos que permanecer na universidade com dignidade e respeito às individualidades e necessidades de cada estudante tem que ser prioridade. A permanência estudantil, ou seja, o direito de ter alimentação, moradia, transporte, bolsas de estudos, é essencial para que o estudante de baixa renda possa continuar no curso (sem ter que abandoná-lo). Ela tem que ser tratada como direito garantido e não como benefício ou caridade.

Sendo a educação um direito, devemos lutar pela sua qualidade, e isso significa que o tão famoso Tripé Universitário (ensino, pesquisa e extensão) seja colocado em prática e em pé de igualdade.

Em sala de aula, o ensino tem que ser posto de forma reflexiva, crítica e acessível. @s educadores e educadoras, assim como os estudantes, precisam compreender a relação dialética do ensino/aprendizagem e desierarquizar a relação de poder intrínseca que há em sala de aula. Assim como o estudante não pode ser subestimado, o educador não pode ser desvalorizad@.

A pesquisa tem que estar a favor do conhecimento e da produção de práticas que ajudem na mudança da realidade social, e não restritas ao interesse de poucos para o acumulo de capital privado.

É fundamental construir uma cultura extensionista no cotidiano dos estudantes. A extensão sempre é posta de lado e desincentivada; porém, entendemos que esta traz para o estudante uma prática fundamental para o entender da realidade social e ao mesmo tempo traz a comunidade para a dinâmica da universitária.

A partir desse modelo de Universidade, vivenciamos cotidianamente opressões de gênero, raça e com relação à diversidade sexual, seja na sala de aula, ou até mesmos nos espaços estudantis, por isso, pretendemos combater essa postura, a partir da mudança de comportamento e do fim da reprodução do discurso racista, machista e homofóbico.

Por fim, entendemos que a autonomia é um aspecto fundamental na construção de uma prática educacional consistente, pois só com autonomia administrativa, autonomia no pensar e no fazer que a dinâmica acadêmica dará saltos substanciais para a concretude da qualidade do ensino.

Por isso defendemos que a universidade seja: pública; de qualidade; democrática; acessível para todos e todas; que garanta a permanência de seus estudantes; que valorize o Tripé Universitário; que tenha autonomia; em que não haja discriminação de gênero, raça, opção sexual; que seja crítica e que gere reflexão. Afinal, para quê/quem a “Ciência”? Qual o compromisso da Universidade com a transformação social?